A confusão entre os significados das palavras Habilidades e Competências ainda é comum. Talvez por isso, muitas pessoas e até profissionais de educação se chocam quando lêem que empresas como Google, IBM e Apple, já não exigem o diploma superior como uma necessidade para contratação https://www.fato-ti.com.br/noticias/apple-google-e-ibm-ja-nao-exigem-diploma-universitario-para-contratar/. O tema, por si mesmo, merece ser revisto e deveria interessar a quem é aluno ou professor ou quem quer mudar de área. Arrisco aqui uma breve contribuição…
(1) C-H-A (C de Conhecimentos, H de Habilidades, A de Atitudes)
Conhecimentos/Habilidades/Atitudes/Competências são termos fundamentais quando se discute objetivos e métodos de ensino. Vamos a eles. Conhecimento está relacionado a conteúdos teóricos que aprendemos na escola (isso dói para quem é da área de Filosofia…lamento, estou só reproduzindo). Habilidades tem relação com a capacidade de aplicar o conhecimento. Já Atitude tem relação com uma postura que se deve ter para aplicar o que se sabe.
Mas onde entra Competência?
Segundo o próprio site do MEC:
Competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. https://ae011sedu.wordpress.com/bncc/competencias-gerais/
Duas observações importantes cabem aqui: (i) Habilidade é parte da Competência, por isso não faz sentido colocá-las lado a lado (como no título deste post); (ii) Competências não são “ensináveis” diretamente por um professor ou por qualquer meio, competências são desenvolvidas pelo aluno.
(2) Qualificação e Diploma
Normalmente a qualificação está associada à posse de um diploma. Mas isso está mudando, e rápido. Assistimos a uma flexibilização da obtenção de diplomas em todos os níveis. Por exemplo, mesmo quem nunca foi à escola pode receber certificado de conclusão de estudos do ensino médio, de acordo com a performance no ENEM. https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/enem-dara-diploma-de-ensino-medio-para-maior-de-18-anos-que-fizer-400-pontos/
Além disso, existem carreiras em que a obrigatoriedade de diplomas deixou de existir. Exemplo disso é o famoso debate da necessidade de diploma em Jornalismo que depois de décadas, ainda não se encerrou. https://guiadoestudante.abril.com.br/orientacao-profissional/para-ser-jornalista-e-preciso-ter-diploma/
No mundo todo, discute-se a relevância de se ter diploma uma vez que, na velocidade em que evoluem muitas áreas das empresas, simplesmente não dá para esperar 4 ou 5 anos!
(3) Carreiras em TI como farol para outras carreiras
Muitos heróis da TI jamais terminaram seus cursos de graduação (Steve Jobs, Bill Gates, Mark Zuckerberg, entre outros). Talvez por isso exista a ideia de que o diploma não seja importante, mas é bom lembrar que frequentavam as melhores universidades do mundo!
Mas, afinal, o que as grandes empresas esperam em termos de C-H-A /Competências dos seus colaboradores? O ensino das faculdades/diploma não é capaz de prover isso?
Longe de esgotar esse debate, sumarizo o que pesquisei rapidamente em algumas das principais empresas do mundo. A Apple valoriza a experiência do candidato, não importando se ele a obteve em um ambiente acadêmico ou em outras empresas. A IBM valoriza habilidades desenvolvidas em bootcamps (programa de ensino intensivo e imersivo que foca nas habilidades mais relevantes de determinada área), em outros empregos ou mesmo por meio de esforço próprio. Vale lembrar que cerca de 15% dos funcionários da IBM nos Estados Unidos não têm formação superior! https://computerworld.com.br/2016/08/26/voce-realmente-precisa-de-um-diploma-para-fazer-uma-carreira-em-ti/
A capacidade de aprender é a principal habilidade requerida pela Google. https://www.nytimes.com/2014/02/23/opinion/sunday/friedman-how-to-get-a-job-at-google.html
Finalmente: vale a pena ter um diploma?
Eu entendo que ainda valha a pena. Muitas das habilidades requeridas estão sendo ministradas em boas escolas. A tendência de aproximação cada vez maior das empresas com as faculdades tem gerado valiosa experiência para os alunos também. E nesse sentido, um bom estágio tornou-se tão importante quando a própria faculdade. Além disso, a faculdade prepara a “vitrine” em que coloca os alunos ao alcance das melhores empresas.
Mas o principal, parece, é que as escolas precisam ajustar as práticas de ensino segundo novas habilidades que estão sendo exigidas, além de repensar as formas de desenvolver as competências que os alunos necessitam e que mudam cada vez mais rápido. Na instituição em que atuo, temos essa preocupação…
Problemas novos surgem o tempo inteiro demandando competências novas.
Por esse motivo quem atua na formação de pessoas está diante de enormes desafios!
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