
Absenteísmo é um problema bem conhecido nas empresas porque afeta diretamente a produtividade: quem deveria estar sentado trabalhando está em algum outro lugar; quem deveria estar sentado trabalhando no computador, está sentado no lugar de sempre mas fazendo outra coisa no computador.
Nas escolas, a arma clássica contra o absenteísmo é a ameaça de reprovação por falta: o aluno tem que estar presente para responder a chamada.
Mas isso só resolve, se resolve algo, a ausência/presença do aluno e não o absenteísmo. Para isso, os professores usavam/usam a “nota de participação”.
Recentemente descobri a palavra presenteísmo e descobri que, a rigor, o que eu pensava ser absenteísmo é, na verdade, presenteísmo. Para tentar ajudar aqui, em resumo, se o problema gira em torno do tema “não deveria estar ausente”, trata-se de absenteímo; agora se o tema gira em torno do “está presente mas é como se não estivesse”, trata-se de presenteísmo. Eu sempre usei absenteísmo e nunca presenteísmo, vou manter.
Se conseguíssemos lidar positivamente com a atenção das pessoas e, sobretudo, controlar nossa própria atenção, já estaria bom demais. Aliás, as grandes empresas de tecnologia sabem bem como fazer isso… os usuários das redes sociais são o produto à venda na economia digital. A atenção das pessoas é o novo mercado que a tecnologia criou. Segundo Jaron Lanier, um dos pais da cibercultura e pioneiro da realidade virtual, as empresas que eram no início da Internet, dedicadas a criar redes sociais, tornaram-se agora empresas-impérios dedicadas a manipular o comportamento das pessoas. Ver [1].
Escrevi uma vez aqui sobre celulares na visão do Steve Jobs, visão essa que nós subvertemos e sobre a importância de se saber não fazer nada.
Não se trata de preguiça, mas de dar um tempo para o corpo e a mente funcionarem melhor e de forma mais criativa após o repouso, que acontece, às vezes, fora dos padrões estabelecidos. Se não é aceitável descansar a qualquer hora, também não deveria ser aceitável ficar conectado à Internet o tempo todo. O padrão de nunca desligar está errado! Um artigo recente aprofunda e atualiza o tema trazendo novas interpretações da Ciência sobre o quanto é importante parar tudo e não fazer nada, de vez em quando.
Referência necessária aqui também é o livro O Ócio Criativo, de Domenico de Masi. Ver [2].
Agora se o problema se resume a dar a impressão aos outros de que se está trabalhando quando não se está, já existem soluções tecnológicas também.
“Você é aficionado por Facebook e não pode ficar nele o dia inteiro? Seus problemas acabaram! Chegou o Excellbook, um programinha que fará do mural do Facebook uma planilha de Excel….
Melhor não enganar os outros e não se enganar com relação à produtividade porque nosso tempo é escasso, precioso e deveria ser bem aproveitado – enquanto ainda estamos vivos!
PS: Agora que muitas pessoas ligadas à educação estão entrando de férias, pergunto: alguém aí ainda se lembra de como é que se descansa?
—-